domingo, 26 de agosto de 2012

Sarah,

lembre-se que força não se dá. Força é. Lembre-se que o céu não significa nada quando uma estrada significa quase tudo. Lembre-se que o oco do espaço que inunda as mentes nas madrugadas dos dias frios, nada mais é do que a frustração de uma vida inteira, envolvida por uma cápsula chamada medo. Lembre-se que fé não está acima de todas as coisas e que o mundo pode ser um lugar assustador para aqueles que sentem. Lembre-se que quando nos deslocamos de nós mesmos, raramente encaixamos denovo, e é aí que se testa nossa flexibilidade sentimental, raramente sentida. Lembre-se que a tristeza pode viver nos olhos claros, e que o escuro que vem de dentro é mais intenso do que qualquer outro escuro que existe. Lembre-se que pelas veias de uma pessoa não correm só sangue, mas correm histórias. Algumas mais largas, outras nem tanto. Mas todas têm um caminho, um porquê, um rastro. Lembre-se que esse rastro é o que dá a cor para cada pessoa. Digo, aqui, que o sangue depende da cor da alma. Sarah, também digo que a sua, é uma cor indefinida. Vai do cinza ao amarelo com uma facilidade enorme. A beleza que tem no olhar vai além de um par de olhos castanhos amendoados e um sorriso que leva brilho na bagagem. Vai muito além. A beleza vem do cinza, do amarelo, e de todas as outras cores que você carrega dentro de si. Se a beleza  fosse algo que todo mundo tivesse, não teria graça. Ainda assim, todos tem alguma beleza. Mesmo que pouca, alguma coisa boa todo mundo tem. Lembre-se que existem outras pessoas que têm beleza, e não sabem. Deve ser o seu caso, você nunca me contou.

Cecília T.

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