Sobre prender, segurar, amarrar, ou qualquer coisa parecida. Prender pelas pernas, segurar pelos braços, amarrar pelos abraços, e virar pó. Pelos dedos dos pés, pelas entranhas do corpo, por cada milímetro que te faz humano, por cada pedaço que te mantém vivo ou sobrevivendo. Rastros de um tempo que já não passa mais, apenas sussurra que ''precisa ir, vai, e pronto''. Não há o que fazer. Sair correndo e tentar agarrar o tempo pelas pernas, braços e abraços, não adianta mais. Não existem pernas do tamanho do céu, e por isso, choro as lágrimas que me levam voando até a dimensão mais longe daqui. Eu corro. Eu vou embora de mim todos os dias, não tenho estrutura pra me segurar. Então eu me solto. Sem braços, pernas, ou abraços. Eu me solto e sinto o tempo me levar aos poucos, sem me prender, sem me apertar, sem me forçar. Mesmo contorcida e transbordando todos os oceanos, eu continuo parada. Inquieta e sempre pensativa. Pensar enlouquece, chorar dá olheiras. Já não posso mais, já não consigo mais. Preciso fugir, preciso de algo que me faça ficar.
E eu queria, queria tanto, que fosse você.
Cecília T.