segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Hoje eu chorei meu coração inteiro.

Os livros não me descrevem mais, desde setembro de 1997. O peso dos anos invadindo o meu corpo me asfixia, me cega, e me rouba. Se perder não é mais tão difícil assim, e olhar pela janela o mundo lá fora se tornou cada vez mais assustador. Meu quarto é pequeno para tantas saudades. Tentei estocá-las em todos os cantos de mim, e da minha vida, mas sem sucesso, eu volto aqui, pra chorar a saudade que eu guardei e escondi, de um jeito tão bom, e tão certo, que me esqueci de esquecer. Sentir o corpo cansado não é mais tão difícil. As palavras secaram, e a fonte fica tão longe, tão longe, que chorar talvez seja o caminho mais rápido pra chegar em mim. Não me queixo de nada. Talvez, a lembrança do que fui pode me ajudar a construir quem eu serei um dia, mesmo com todos os erros e acertos, mesmo com todos os erros e acertos do mundo, eu ainda serei eu. Mesmo com a superficialidade das pessoas e a falta de amor em todos os olhos perdidos por aí, eu ainda serei eu. Mesmo sem ninguém por perto e com o coração espremido, eu ainda serei eu. Mesmo com os olhos cheio de água e uma vida inteira pra se derramar, mesmo com uma fuga completa, feita, montada e programada, não consigo me abandonar, simplismente, em um canto, e sair correndo. Mesmo sendo pesada emocionalmente, sou prisioneira dos meus próprios medos. A fuga parece tão superficial quanto o sorriso das pessoas na rua. Eu não acho nada parecido com você em lugar nenhum, me sinto correndo com os olhos cheios de água em direção ao abismo que é sentir a sua falta.

Cecília T.

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